O Seminário de Santa Joana Princesa é um edifício emblemático da cidade e diocese de Aveiro, de notas arquitectónicas do “Português Suave” .
Igreja do Seminário
A igreja do Seminário de Santa Joana Princesa faz parte do edifício do Seminário situado no lugar de Santiago. O Seminário foi sonhado e inaugurado pelo primeiro bispo da Diocese restaurada, D. João Evangelista de Lima Vidal. Iniciou a sua actividade lectiva no dia 14 de Novembro de 1951. O projecto arquitectónico do Seminário foi elaborado pelo grupo ARS, constituído pelos arquitectos Fernando Manuel da Cunha Leão, Mário Cândido de Soares Morais e António de Matos Fortunato Cabral, e insere-se no estilo Português Suave, muito característico de meados do século XX. A igreja do Seminário foi a última parte do Seminário a ser completa, tendo a igreja sido dedicada ao culto em 1981. A execução final do projecto da igreja foi realizada no tempo em que o Padre Arménio Costa era Reitor do Seminário, tendo a obra de execução final sido da autoria do Arquitecto Aveirense Cravo Machado, o qual tem acompanhado generosamente até à data as obras de remodelação do Edifício.
Os vitrais e painéis cerâmicos são da autoria do artista aveirense Vasco Branco, os quais são alusivos à descida do Espírito sobre os Apóstolos e a Virgem Maria, assim como fazem referência a motivos eucarísticos.O painel central assinala a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos sobre os apóstolos e a Virgem Maria (cf. Act. 2). Este episódio marca o cumprimento da promessa de Jesus que enviará o Paráclito, o defensor. A partir deste momento os apóstolos vencem o medo dos judeus e saem para fora para anunciar o Evangelho.
Os quatro painéis assinalam motivos eucarísticos e cristológicos. Neles podemos observar:
1. Os dois peixes com que Jesus alimenta a multidão, ao mesmo tempo que podemos vislumbrar ora um lírio, ora uma ave – saliente-se que o pelicano é também símbolo da eucaristia;
2. O peixe e os cinco pães, também alusivos à multiplicação dos pães realizada por Jesus;
3. O Cordeiro Pascal, figura que surge no livro do apocalipse, que identifica Jesus Cristo como o cordeiro sacrificado pelos pecados da humanidade;
4. O alfa e o ómega, primeira e última letra do alfabeto grego, e que simbolizam Jesus Cristo, como princípio e fim de tudo o que existe.
O sacrário da igreja é inspirado nas rosáceas das janelas do Seminário e o seu desenho foi realizado pelo padre Manuel Silva Gonçalves da Fonte que integrou a comunidade formadora do Seminário nos anos 70 do séc. XX.
A igreja do Seminário é um espaço destinado à oração, ao silêncio e ao encontro com Deus. O Seminário procura ser na Diocese e na cidade de Aveiro um sinal da vocação cristã, ou seja, da resposta ao chamamento de Deus que nos chama a todos para o seguir, caminho que acreditamos responder aos mais profundos desejos da humanidade.
A igreja do Seminário está aberta durante a semana entre as 10 e as 18 horas.
Para além de celebrações agendadas por grupos que rezam no Seminário, existe culto regular à quinta-feira e ao Domingo aqui ou numa das capelas interiores do Seminário.
Capela do Sagrado Coração de Jesus
Desde os inícios da Igreja que o Coração de Jesus foi motivo de reflexão e aos poucos foi ganhando particular devoção. Alguns dos primeiros pensadores cristãos (Padres da Igreja), falavam do Coração de Jesus como símbolo do Seu amor e, já na idade média, se começou a reflectir sobre o Coração de Jesus enquanto modelo do nosso amor, associando-se também a importância da “reparação” do Seu coração com o nosso amor (importante contributo da reflexão de mulheres e santas medievais como Lutgarda, Matilde, Gertrudes, Catarina de Sena, Angela de Folinho, e também São Boaventura como teorizador da “doutrina reparatória”).
A devoção ao Sagrado Coração de Jesus ganhou força e forma com Santa Margarida Alacoque (séc. XVII), começando com ela um verdadeiro apostolado. Mais tarde, o século XIX foi o tempo do verdadeiro enraizamento do Sagrado Coração de Jesus, com a intervenção da Beata Maria do Divino Coração e dos Papas Pio IX (estendeu a festa litúrgica a toda a Igreja) e Leão XIII (consagração do mundo ao Sagrado Coração de Jesus). Forte trabalho apostólico foi desenvolvido por alguns padres da Companhia de Jesus, propondo não só esta devoção como também organizando um Apostolado da Oração, assim como também com o Pe Dehon e as suas propostas de vida espiritual partindo do Sagrado Coração de Jesus e, como manifestação mais visível, com a fundação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus (presentes na nossa diocese, em Esgueira).
Na espiritualidade, o coração tornou-se mais que uma mera dimensão física, indo a devoção e a afirmação do Sagrado Coração de Jesus para além de uma contemplação ‘piedosa’ de um Cristo sofredor ou mesmo para além da necessidade de reparar as ofensas ao Coração de Jesus, mas ele é o centro de toda a vida interior da pessoa, dos sentimentos e dos afectos, ‘lugar’ da consciência espiritual, afirmando-se nesta devoção e na solenidade que a Igreja propõe o primado da graça divina e do amor de Deus. O Padre Karl Rahner afirmava que o coração é “símbolo real” de todo o amor de Cristo pelo Homem.
O Seminário de Sta Joana Princesa está dedicado ao Sagrado Coração de Jesus (assim como o Seminário Dehoniano, em Esgueira). Esta realidade, associada à formação presbiteral e à vida dos presbíteros, é a afirmação que só faz sentido a formação em seminário quando ela coloca no centro a configuração com Cristo, na sua forma de amar, de viver e de sentir, assim como a vida presbiteral só faz sentido quando ela procura reavivar os mesmos sentimentos de Cristo para a vivência de uma verdadeira caridade pastoral. Contemplar o Coração de Jesus é um desafio a querer amar como Ele, de forma livre, total e desinteressada.
A toda a Igreja é concedida a possibilidade de, neste dia, se pedir uma vez mais pela santificação dos sacerdotes. Todos estamos no coração de Cristo e, os padres, não estão mais pela sua consagração, mas vivem a particular missão de O servir, de tornar a sua missão presente e de ser imagem do seu amor também pela radicalidade da sua vida. Diz o Directório para o ministério e vida dos presbíteros que este se santifica pelo exercício do seu ministério e na fidelidade à caridade pastoral de Jesus Cristo. O desafio da santificação de cada presbítero é ser cada ver mais imagem e rosto de Cristo Sacerdote mas também Pastor, na dedicação ao ministério acolhido da profecia e evangelização, da oração e santificação, do pastoreio e animação das comunidades e de todo o Povo de Deus, em particular na opção preferencial pelos mais necessitados. Este é o caminho de santificação que Deus, em Igreja, propõe a cada presbítero no pulsar do Coração de Jesus.
Capela do Imaculado Coração de Maria
A Capela do Imaculado Coração de Maria é o lugar de oração que nos faz recordar o que o Papa Bento XVI referiu na abertura do Ano Sacerdotal, em 2009, por ocasião do 150º aniversário da morte de SÃO JOÃO MARIA Vianney: “A Igreja tem necessidade de sacerdotes santos; de ministros que ajudem os fiéis a experimentar o amor misericordioso do Senhor e sejam suas testemunhas convictas. Na adoração eucarística, que se seguirá à celebração das Vésperas, pediremos ao Senhor que inflame o coração de cada presbítero com a “caridade pastoral” capaz de assimilar o seu pessoal “eu” ao de Jesus Sacerdote, de maneira a poder imitá-lo na mais completa autodoação. Que nos obtenha esta graça a Virgem Maria, cujo Coração Imaculado contemplaremos amanhã com fé viva. Para Ela, o Santo Cura d’Ars nutria uma devoção filial, a tal ponto que em 1836, antecipando a proclamação do Dogma da Imaculada Conceição, já tinha consagrado a sua paróquia a Maria, “concebida sem pecado”. E conservou o hábito de renovar com frequência esta oferta da paróquia à Virgem Santa, ensinando aos fiéis que “era suficiente dirigir-se a Ela para ser atendidos”, pelo simples motivo que Ela “deseja sobretudo ver-nos felizes”. Que nos acompanhe a Virgem Santa, nossa Mãe, no Ano sacerdotal que hoje inauguramos, a fim de que possamos ser guias sólidos e iluminados para os fiéis que o Senhor confia aos nossos cuidados pastorais. Amém!“.
A Congregação para a Educação Católica, em 25 de Março de 1988, escreveu um documento intitulado “A Virgem Maria na formação intelectual e espiritual“, dirigido aos Ordinários Diocesanos, aos Reitores dos Seminários Diocesanos e aos presbíteros das faculdades teológicas, sublinhando a importância da figura da Virgem Maria na história da salvação e na vida do povo de Deus, recordando que a Virgem Maria e o seu Imaculado Coração não podem ser esquecidos na formação dos futuros sacerdotes.
n. 21: “Para os discípulos do Senhor a Virgem é o grande símbolo do homem que alcança as aspirações mais íntimas da sua inteligência, da sua vontade e do seu coração, abrindo-se por Cristo e no Espírito à transcendência de Deus numa filial dedicação de amor e consolidando-se na história mediante um serviço operante aos irmãos.“
n. 28: “que a pessoa da Virgem seja considerada em toda a história da salvação, isto é, na sua relação com Deus; com Cristo, Verbo Encarnado, salvador e mediador; com o Espírito Santo, santificador e dador de vida; com a Igreja, sacramento de salvação; com o homem, as suas origens e o seu progresso na vida da graça, o seu destino de glória“.