PROJETO EDUCATIVO
A comunidade do Seminário de Santa Joana Princesa
1. Objectivo principal
2. Características
3. Admissão e permanência
4. Uma educação integral na centralidade de Cristo
4.1 Crescimento humano
4.2 Crescimento espiritual e vocacional
4.3 Crescimento intelectual e cultural
5. Um projecto de todos
5.1 Equipa Educativa
5.2 Outros agentes vocacionais
6. Etapas de crescimento
7. A Casa Sacerdotal de Santa Joana Princesa
A comunidade do Seminário de Santa Joana Princesa
1. Objectivo principal
O seminário de Santa Joana Princesa insere-se dentro do espírito e da proposta da Igreja do tempo educativo denominado “Seminário menor”. O Concílio Vaticano II propõe esta instituição com o objectivo específico de “cultivar os gérmenes da vocação” através de “uma peculiar educação religiosa” e uma “apta direcção espiritual”, sempre na colaboração estreita dos educadores (família e equipa de seminário) e na atenção à idade no seu evoluir psicológico e na riqueza das experiências humanas acumuladas. Neste sentido, e cumprindo a vontade da Igreja, este tempo de seminário acolhe adolescentes ou jovens que queiram realizar um período estável de discernimento e acompanhamento vocacional tendo em vista a possibilidade de uma vocação presbiteral. “Seguir Cristo Redentor de alma generosa e coração puro” é o desafio educativo que se coloca a quem entra neste período, procurando realizá-lo num contexto comunitário, tendo em conta as exigências próprias da idade.
Para que este objectivo geral seja concretizado, é necessária a colaboração na acção educativa entre o seminário, as famílias, a escola e as paróquias. O respeito pela gradualidade numa proposta integral e coerente e alicerçada por uma intimidade com Jesus Cristo e um acompanhamento próximo e atento são as condições indispensáveis para suscitar escolhas responsáveis.
No horizonte e cumprimento deste objectivo geral, o fim específico deste tempo de seminário é essencialmente educativo: proporcionar àqueles que desejam um maior discernimento da sua vocação, a possibilidade de um acompanhamento que os disponha a seguir Jesus Cristo com verdade de intenção. É função deste Seminário propor o presbiterado como ideal de vida e chamamento, ajudando a alcançar uma resposta na fé, com maturidade humana e espiritual suficiente para que seja dada com sentido de responsabilidade e chamamento.
2. Características
A comunidade do Seminário de Santa Joana Princesa procura configurar-se neste objectivo nas seguintes características:
– estar ao serviço do crescimento integral num progressivo crescimento vocacional, respeitando e tendo em conta o percurso já feito em família, paróquia e/ou Pré-Seminário. Para este crescimento ser favorável tem o dever de fazer memória da vida cristã como chamamento à santidade, ao serviço, ao testemunho, ao seguimento na descoberta do próprio estado de vida;
– ter uma capacidade de adaptação às necessidades e exigências dos jovens que aqui residem;
– estar caracterizada por um clima familiar que cria as condições para se viver numa alegria fraterna, na partilha e na ajuda mútua;
– estar atenta aos critérios de admissão apresentados pelo Tempo Propedêutico e/ou ao Seminário Maior, para que não surjam saltos irreais na vida do jovem;
– integrar, sem substituir, a acção da família, da escola e das paróquias nas suas tarefas educativas;
– ter consciência da referência e proposta vocacional que é para a diocese, mormente para os adolescentes em catequese e jovens em pastoral juvenil,
procurando integrar e favorecer as propostas de um trabalho em colaboração e participação;
3. Admissão e permanência
Na Comunidade residente do Seminário de Santa Joana Princesa são admitidos jovens que tenham concluído o 9º ano de escolaridade e estejam em condições de frequentar o ensino secundário. Podem entrar nesta comunidade de seminário em qualquer um dos três anos do secundário, consoante a oportunidade daqueles que o apresentam.
Seja qual for o percurso prévio a esta admissão, deverão verificar-se as seguintes condições:
– o adolescente/jovem deve escolher livremente fazer parte desta comunidade;
– demonstrar possuir, conforme a sua idade, as qualidades fundamentais de humanidade, de fé e de disponibilidade que permitam acolher a proposta educativa do seminário;
– deverá possuir capacidades intelectuais para progredir no itinerário escolar;
– deverá ter-se em conta a participação na vida paroquial e o ambiente familiar;
– que tenha feito um percurso prévio em Pré-Seminário ou em qualquer outro grupo vocacional.
Tendo em conta que esta comunidade é habitada por adolescentes e jovens, a Equipa Educativa terá presente as oscilações, crises e dificuldades próprias da idade que acompanham a formação da personalidade no discernimento da vontade de Deus. Quando um seminarista não aceita a relação educativa e não mostra sinais de evolução e mudança em tempo conveniente, não existe mais sentido a sua permanência em comunidade, devendo-se encontrar sempre a melhor solução valorizando o seu bem e futuro.
Para uma avaliação serena e objectiva do percurso de cada um, os padres educadores deverão procurar um diálogo frequente entre si e em colaboração aberta com a família, a escola e a paróquia.
4. Uma educação integral na centralidade de Cristo
Esta comunidade residente do Seminário de Santa Joana acolhe adolescentes/jovens que procuram estavelmente discernir a sua vocação. Tendo em conta as suas idades, torna-se necessário uma atenção particular à variedade das exigências educativas, aceitando um critério de gradualidade.
O centro desta proposta educativa é o encontro com Jesus Cristo, amigo e mestre, com tudo aquilo que se é (humano, espiritual, intelectual).
4.1 Crescimento humano
Seguindo Cristo no caminho para a maturidade humana, este seminário procura que os jovens adquiram e cuidem aquelas virtudes humanas que são necessárias para a construção de uma personalidade equilibrada e madura, como a sinceridade, a honestidade, a generosidade, a responsabilidade, a perseverança, o respeito pelas pessoas e pela obra da criação. É necessário também o cuidado por verdadeiras relações de amizade, na aceitação e no respeito das orientações comunitárias, no amadurecimento gradual da liberdade e autonomia, mostrando uma capacidade para viver comunitariamente, no interesse e respeito e em favor do bem comum. Nestas idades tem um lugar particular a evolução afectivo-sexual, ajudando-se a enfrentar as dificuldades e gerir as pulsões e os sentimentos numa perspectiva de “dom-de-si”. Ganha particular importância o acompanhamento psicológico e educativo que ajude ao melhor conhecimento de si, apropriando-se da sua história pessoal nas dificuldades e virtudes, olhando para a vida com um ‘olhar de fé’.
Interessa também que o seminarista suscite um interesse crítico pela realidade humana e cultural que o circunda, tendo um olhar particular para as situações que se apresentam como socialmente mais difíceis. Neste sentido existem acções de voluntariado, de forma organizada na cidade ou próprio Seminário e Casa Sacerdotal, que são uma oportunidade para descobrir a alegria da vida como doação e uma riqueza humana que o ajuda no amadurecimento de algumas qualidades e virtudes.
Como manifestação de um crescimento humano saudável e harmonioso, são de particular relevo as actividades humanas como o desporto, caminhadas, momentos de lazer e de jogo. Não são momentos apenas de enriquecimento de horário, mas necessários ao equilíbrio psico-espiritual do jovem.
Tempos e espaços:
– o ambiente escolar na diversidade de relações humanas (professores e colegas) e na forma de aprendizagem;
– vida de comunidade;
– trabalho em equipas de serviço;
-acções de voluntariado;
-apoio formativo de um psicólogo(a) competente
-participação em momentos desportivos, de lazer e convívio;
-encontros de formação humana;
-formação no âmbito da expressão e relações humanas.
Critérios objectivos de crescimento e discernimento:
A) Dimensão pessoal
1. Alegria por estar no seminário assumindo as propostas educativas com entusiasmo;
2. Aceitação livre e convicta das orientações do seminário;
3. Abertura ao diálogo
4. Sentido de compromisso e responsabilidade;
5. Cultivo da alegria, da diversão e do bom humor;
6. Participação nos momentos de convívio e desporto;
7. Cuidado com a limpeza, asseio pessoal e do ambiente;
8. Delicadeza no falar e agir;
9. Valorizar o esforço das famílias e da diocese na sustentação e estadia no seminário;
10. Austeridade e sentido comum nos gastos
11. Sentido da partilha livre
12. Evolução afectiva/sexual
B) Dimensão comunitária
1. Relação verdadeira com os outros para um convívio saudável e amizade sincera;
2. Disponibilidade e espírito de serviço;
3. Capacidade para avaliar e deixar-se avaliar;
4. Atitude de respeito e amizade para com professores, colegas e funcionários da escola, assim como com as pessoas que vivem e auxiliam no seminário;
5. Disponibilidade para acções de voluntariado;
6. Colaboração nas iniciativas e trabalhos para a vida da comunidade;
7. Capacidade de iniciativa.
4.2 Crescimento espiritual e vocacional
A proposta espiritual e a formação religiosa ajudam os seminaristas a tomar consciência do próprio mundo interior para reconhecer e acolher o chamamento de Deus e o apelo a uma resposta em Igreja. Todo este percurso só é possível com a ajuda da direcção espiritual em relação com os educadores residentes, para que se proporcione a cada seminarista tempo e espaço para uma relação de intimidade pessoal com Cristo. Neste sentido tornam-se importantes algumas iniciativas como uma proposta gradual de escuta da Palavra de Deus, os momentos de oração pessoal e comunitária que conduzem ao gosto pela Eucaristia e os encoraja na descoberta do sacramento da Reconciliação. Os itinerários de catequese juvenil/vocacional e a participação em momentos de itinerários juvenis da Diocese são oportunidades para a realização de experiências espirituais que vão formando a interioridade.
No campo espiritual surge também toda a problemática vocacional, propondo-se o presbiterado como ideal e horizonte a discernir, avaliando as disposições e as consistências e inconsistências vividas, para que o próprio vá optando pelo ministério pastoral ou por outras formas de vida eclesial. Toda a opção e planeamento vocacional não são definitivos uma vez que não é essa a finalidade deste tempo, mas caminham para que os percursos posteriores se possam fundar num assentimento de fé e de maturidade humana e espiritual suficientes para progredir com seguranças e certezas.
Para que a problemática vocacional seja posta com seriedade e relevância, deve-se ter em conta a idade e desenvolvimento espiritual, assim como o testemunho dos educadores e demais presbíteros que ajudam a ver o “ser padre” como um ideal de vida centrada numa doação à imagem de Jesus Cristo.
Para que toda esta ajuda seja possível é importante o momento da direcção espiritual para ajudar a aprofundar as opções vocacionais na referência da vida de cada um com a proposta de Jesus Cristo. O Director Espiritual é sempre um padre que procurar integrar todas as dimensões educativas na vida do seminarista que acompanha, criando assim uma unidade de vida e um centro de referência.
Os padres da Equipa Educativa e a Comunidade religiosa residente, assim como os padres da Casa Sacerdotal, são agentes vocacionais pelo testemunho de uma opção feita na entrega total a Jesus Cristo no serviço à Igreja. Por este facto, são mais que meros residentes uma vez que a partilha do dia-a-dia tem uma força interpelante na vida do seminarista.
Tempos e espaços:
– diálogo com o director espiritual;
– participação e valorização da vida de oração comunitária;
– valorização da oração pessoal;
– valorização da leitura orante da Palavra de Deus;
– participação em itinerários espirituais e momentos de retiro;
– encontros de catequese e discernimento vocacional;
Critérios objectivos de crescimento e discernimento:
1. Fidelidade à oração pessoal e comunitária;
2. Aprender o valor do silêncio e da reflexão pessoal;
3. Participação séria e comprometida na vida litúrgica;
4. Construção do próprio projecto de vida;
5. Proximidade e abertura com o director espiritual;
6. Estima da Palavra de Deus e centralidade da Eucaristia;
7. Apreço e valorização pelo sacramento da Reconciliação;
8. Evolução na clarificação na questão vocacional;
9. Capacidade de enfrentar as dificuldades vocacionais de forma positiva e verdadeira;
4.3 Crescimento intelectual e cultural
A escola e o estudo são parte integrante do equilíbrio e gradualidade do caminho. São oportunidade de crescimento intelectual, como também oferecem chaves interpretativas para afrontar a realidade de modo inteligente e crítico.
Ao longo do percurso na comunidade residente, para além de toda a aprendizagem tida na escola, é objectivo integrante que o seminarista possa estudar com gosto, organizar o estudo de forma cada vez mais autónoma e responsável, amadurecendo a capacidade de constância de confronto perante o cansaço. O seminário ajudará também a abrir para outros interesses como as artes, a leitura, o cinema, a comunicação social, abrindo assim campo complementar à escola para a educação estética, musical, artístico e literário.
Tempos e espaços:
– escola nas suas propostas;
– tempos de estudo em grupo e individual;
– leitura habitual de jornais e livros variados;
– uso da internet como ferramenta de trabalho e de lazer;
– participação e encontros culturais ou espectáculos promovidos na vida da cidade;
– envolvimento em festas do seminário através da partilha das capacidades artísticas de cada um;
– formação no âmbito da música e/ou outras formas artísticas.
Critérios objectivos de crescimento e discernimento:
1. Estudo com gosto e motivação aos outros;
2. Organização do tempo dedicado ao estudo progredindo na autonomia, responsabilidade e constância;
3. Assiduidade às aulas e aproveitamento;
4. Interesse pela leitura de livros e jornais;
5. Cultivo de outras expressões culturais como o teatro, a música, o cinema, exposições, etc.
6. Colaboração nas iniciativas culturais da comunidade.
5. Um projecto de todos
5.1 Equipa Educativa
A Equipa Educativa deve assumir o seu serviço com estabilidade e na motivação, preparada para enfrentar os desafios que vai assumir através de uma boa preparação e competência pedagógico-educativa, unida entre si e o Bispo diocesano, assumindo solidária e responsavelmente o Projecto do Seminário de Aveiro nas suas diversas etapas e a comunidade residente deste Seminário em particular, vivendo a complementaridade das funções a exercer e na solidariedade diante das demais solicitações diocesanas.
Esta Equipa é constituída por:
– um reitor que é o primeiro responsável pela comunidade residente do Seminário de Santa Joana Princesa e pela unidade e progressão em todo o itinerário do Seminário Diocesano. Deve coordenar o funcionamento da Equipa e a implementação do projecto educativo nas suas diversas dimensões, procurando presidir às reuniões e actos oficiais, acompanhar a vida dos seminaristas em outros seminários como o Tempo Propedêutico, o Seminário Maior. Tem também uma função relevante de proximidade e apoio à programação da formação inicial nos primeiros anos de ministério; avalia e ajuíza em equipa as entradas e permanências no seminário de Santa Joana e informa o Bispo da vida do Seminário; representa o Seminário diante da comunidade eclesial e civil.
– educadores auxiliares que são corresponsáveis com o reitor de toda a vida desta comunidade e do percurso do Seminário Diocesano. Procuram partilhar funções para que a relação com os seminaristas seja pessoal e particularizada, cuidando da educação integral do seminarista. Na atenção próxima à vida disciplinar e aos projectos pessoais de cada um, procuram a colaboração com a escola sendo os Encarregados de Educação, com as comunidades paroquiais através dos seus párocos e com as famílias através de uma proximidade efectiva. Auxiliam o reitor na organização da vida ordinária da casa através da condução e implementação do que diz respeito ao projecto educativo, como também ajudando na economia e gestão dos recursos humanos e materiais do seminário. Neste sentido, respondem e representam o reitor na ausência delegada deste. Auxiliam ainda o reitor na avaliação e discernimento da vocação de cada seminarista, inteirando-se ainda da unidade de todo o processo formativo do Seminário Diocesano, sendo desta Equipa que surgem om responsáveis pelos diversos percursos vocacionais, quer do Pré-Seminário nas suas diversas formas, como o acompanhamento da formação inicial no ministério ordenado e a ligação com os demais seminários.
– directores espirituais que auxiliam a restante Equipa Educativa no cuidado pelo discernimento vocacional do seminarista, na ajuda ao auto-conhecimento e à formação no âmbito da intimidade da consciência. A direcção espiritual insere-se dentro daquilo a que se chama “foro interno”, ajudando no caminho da fé e no discernimento dos sinais de vocação, guardando segredo o conteúdo dos colóquios. Os directores espirituais ajudam ainda a Equipa Educativa na organização do tempo de seminário, sobretudo com orientações para a vida litúrgica e espiritual, assim como as propostas de recolecção e de retiro.
5.2 Outros agentes vocacionais
– um(a) psicólogo(a) que ajuda a Equipa Educativa no apoio e acompanhamento vocacional e ajuda o seminarista no auto-conhecimento e na avaliação da sua personalidade; apoia ainda na educação dos afectos e na formação para as relações humanas, sempre tendo presente o discernimento que é próprio nesta fase vocacional. Compete também ao psicólogo fazer uma avaliação psicológica e das atitudes humanas de fundo na resposta ao chamamento, para que a acção educativa possa ajudar com mais eficácia no crescimento humano e vocacional.
– as famílias, como verdadeiros responsáveis da educação, são chamados a ser pelo exemplo os primeiros anunciadores da fé e favorecer a vocação de cada um. O seminário não existe como delegado ou substituto da educação familiar, mas como colaborador na formação integral de cada jovem. À família se pede o incentivo e o apoio no caminho vocacional, quer pelo testemunho de fé, quer pelo envolvimento nas iniciativas previstas pelo Seminário. À família se pede uma atenção particular nos fins-de-semana familiares e tempos de férias, de modo a que a caminhada em Seminário não seja vista apenas como o tempo passado durante os estudos, mas continuada e prolongada na família e em comunidade.
A Equipa Educativa do Seminário procura acompanhar os seminaristas a partir do contexto familiar, quer pela acção prévia no percurso de Pré-Seminário, quer pelas visitas às famílias e convite destas nas iniciativas do Seminário. Procura ainda que os seminaristas mantenham a proximidade afectiva com a ida a casa nas férias, fins de semana passados quinzenalmente e ainda outras datas que se julguem oportunas e importantes.
– os padres das comunidades de residência são complementares nesta acção educativa, não só pelo facto de conhecerem os jovens e as suas famílias, mas pelo facto de serem o elo entre o seminário e a comunidade assegurando a continuidade educativa. Muitas vezes eles estão na origem do gérmen vocacional pelo seu testemunho de vida ou pelo primeiro acompanhamento efectuado e encaminhamento para o seminário, tendo assim uma presença importante e originária no processo vocacional.
A Equipa Educativa procura uma relação próxima com os padres das comunidades onde habitam os seminaristas procurando uma proximidade dialogante e interveniente de modo a que possa existir uma ajuda e confiança recíprocas e suscitando a presença destes na vida do seminário.
– as religiosas da Congregação do Amor de Deus que habitam no Seminário de Santa Joana Princesa, procurando encarnar o Amor de Deus na vida do dia-a-dia e desta forma dão testemunho na vida da Comunidade do amor gratuito de Deus no serviço que prestam no cuidado e manutenção da casa, mas sobretudo, na interpelação de uma consagração total e livre a Deus através dos conselhos evangélicos. Dando cumprimento à sua missão de estar ao serviço da educação integral da juventude “onde quer que se julgue necessário”, no seminário são acima de tudo um sinal de consagração a Deus no serviço aos irmãos através de uma vida que convida à simplicidade, ao amor aos outros concretizado no serviço humilde e livre. Na vida do seminário são também a garantia de uma proximidade orante pelas vocações ao ministério presbiteral, sinal de uma Igreja diocesana que também ela, em tantas outras comunidades, reza pela missão deste Seminário.
– a comunidade paroquial, presidida e animada pelos padres que estão ao seu serviço, mantém em todo este itinerário vocacional uma acção fundamental por ser o contexto eclesial mais próximo do seminarista. Mesmo sendo o Seminário uma comunidade educativa, não substitui a acção e os meios formativos que a comunidade paroquial oferece. Neste sentido, proporciona-se que o seminarista participe na vida da comunidade, na celebração eucarística nos tempos que são destinados à família, na frequência da catequese segundo o ritmo possível, na preparação para o sacramento da confirmação, na participação em grupos juvenis e nos seus itinerários e em movimentos eclesiais que porventura possam pertencer. Toda a caminhada vocacional é progressiva e neste percurso de Seminário Menor julga-se importante e necessário a continuidade com o ambiente familiar e paroquial.
– os professores de EMRC estão intimamente envolvidos no Projecto Educativo do Seminário uma vez que são agentes privilegiados de pastoral vocacional. Por meio deles passam também as iniciativas da Pastoral Vocacional Diocesana e as acções do Pré-Seminário. A sua presença na escola, para além do desenvolvimento das competências previstas nos programas, está também marcada pela colaboração com as iniciativas diocesanas, sobretudo aquelas que são dirigidas aos adolescentes e jovens, procurando ajudar estes na descoberta do sentido das suas vidas e no colocar-se da questão vocacional.
6. Etapas de crescimento
Os critérios de crescimento e discernimento já apontado em cada uma das dimensões pautam a vida da comunidade e são elemento de avaliação pessoal e comunitária. Estes elementos definidos apresentam-se como as competências que se querem adquiridas no fim do percurso de três anos.
Uma vez que não é obrigatório (ainda que conveniente) neste percurso realizar os três anos, quem entrar na vida de seminário num 11º ou 12º anos deverá reunir as condições necessárias para ingressar nessa etapa.
Tratam-se de etapas não muito definidas uma vez que se trata de um período de três anos, mas existindo necessidade de marcar a vida da comunidade com sinais exteriores de crescimento.
Neste sentido, é comum a toda a comunidade:
– A vida de oração ordinária, como a oração da manhã, a eucaristia e a oração da noite;
– Os momentos de refeição, ajustados com os horários escolares;
– O tempo de Adoração ao Santíssimo;
– As catequeses/formações quinzenais no âmbito humano, da fé e da vocação;
– Tempos de passeios e de retiros;
– Tempos de trabalho e serviços.
A cada ano são acentuadas dimensões específicas. Se por um lado o 10º ano é o início de um percurso e uma adaptação ao ritmo da comunidade nas suas diversas vertentes, é também o início de um percurso de discernimento vocacional em comunidade, com a ajuda da Equipa Educativa e na iniciação à direcção espiritual.
O 11º ano continua este percurso, ainda que se valorize uma dimensão activa que pode passar já por acções de voluntariado. Valoriza-se neste ano o ministério ordenado como ideal de vida, dando-se a conhecer mais em concreto aquilo que é a vida e missão de um padre diocesano e as suas diferenças com outras formas de resposta vocacional.
O 12º ano apresenta-se como um momento de consolidação das etapas anteriores e avaliação mais objectiva e real do progresso realizado. Valoriza-se neste ano o encontro com o psicólogo numa perspectiva de conhecimento pessoal e ajuda à resposta vocacional, assim como o início de uma Escola da Palavra que ajude a estudar, reflectir e rezar a partir da Palavra de Deus de cada Domingo. A necessidade de uma resposta com horizonte de futuro é motivo para uma atenção redobrada dos vários intervenientes educativos, valorizando-se a proximidade da Equipa e do director espiritual. Pode-se valorizar também neste ano a colaboração na catequese na Paróquia da Glória e formas concretas e organizadas de voluntariado que ajudem o seminarista a encontrar-se com situações concretas em que a sua doação, testemunho e ensino possam ser um desafio vocacional.
7. A Casa Sacerdotal de Santa Joana Princesa
A Casa Sacerdotal existe no Seminário de Santa Joana Princesa com uma identidade própria, residindo nela sobretudo aqueles padres que por força da idade, da doença ou das ocupações encontrem aí uma habitação condigna; ela é como que a concretização da existência do Seminário, no acolhimento daquelas sementes que outrora foram lançadas, deram fruto e novamente aqui retornam no descanso e serenidade do dia-a-dia.
A Casa Sacerdotal é uma oportunidade educativa e vocacional no ritmo da vida do Seminário, não só suscitando nos seminaristas uma proximidade amiga e atenta, em visitas ocasionais ou em voluntariado organizado, mas também potenciando o encontro e partilha de vidas doadas na missão pastoral. O Seminário deverá procurar esta riqueza que os padres residentes na Casa Sacerdotal poderão trazer, quer pelo testemunho das suas vidas, na procura de espaços celebrativos e orantes, bem como momentos de convívio e lazer.
Na existência relacional destas duas valências, existe um benefício mútuo, sendo a presença dos seminaristas um sinal de juventude e de jovialidade na vida da Casa Sacerdotal, uma riqueza para os padres mais idosos e uma verdadeira potencialidade para o testemunho das alegrias do ministério realizado.