Este ano a Igreja diocesana dá-nos a graça de viver a Semana dos Seminários numa dinâmica jubilar.

Na enunciação dos objectivos, diz-se que a Missão Diocesana procura “promover a vocação à vida consagrada, em especial ao sacerdócio ministerial”.

Muito procuramos fazer para promover estas vocações de que nos fala o guião da missão jubilar, alguns até poderão apontar a crítica que não existem muitas acções específicas (ainda que elas lá estejam ao longo desta Missão Jubilar), ou que porventura esta semana é mais do mesmo, com a distribuição de umas pagelas, de uns cartazes e de uns envelopes.

De facto, os cartazes são essenciais para nos ajudarem a situar no tempo e no lema da Semana dos Seminários;

as pagelas são importantes para aquele aspeto essencial que é a oração de todos os fiéis;

os materiais distribuídos (este ano apenas em formato online na página da Agência Ecclesia e da nossa Diocese) são ferramentas de apoio à oração e à consciência vocacional a imprimir nas comunidades, sobretudo junto de catequeses e grupos de jovens;

por fim, os envelopes são a maior forma de contribuição para com as despesas com os nossos seminários, enquanto formação dos seminaristas, mas também enquanto manutenção e conservação de edifício.

Quem tem ideias claras sobre a vocação percebe que esta só nasce de um encontro pessoal e íntimo com Jesus Cristo. Deste encontro nasce a fé e na fé nasce a vocação.

Para além de tudo o que possamos fazer, distribuir, recolher, catequisar e dinamizar, sem este encontro existencial e vital não há vocação, não há seguimento de Jesus Cristo nem aceitação do seu projecto.

Neste sentido, sinto que temos na nossa mão a grande ferramenta vocacional para nestes tempos podermos promover as vocações à vida consagrada e ao ministério presbiteral: o projecto da Missão Jubilar Diocesana.

Na medida em que formos capazes de envolver as nossas crianças, adolescentes e jovens para aderir a Jesus Cristo e amar mais esta Igreja, mais estamos a proporcionar uma consciência vocacional; na medida em que envolvermos as nossas famílias, comunidades, movimentos, instituições, na adesão ao projecto de Jesus Cristo, à missão da Igreja no mundo e a uma vida mais configurada com o ideal das Bem-aventuranças, mais estamos a proporcionar que estes grupos tomem consciência da sua missão enquanto educadores e transmissores da fé.

Sinto que neste campo vocacional nos queremos encher de ideias e dinâmicas que por vezes são quase como que formas de pescar à linha algum jovem mais consciente, ou então motivarmos com distrações criativas aquilo que deve ser vivido como essencial e fundamental na vida.

A Missão Jubilar diocesana ensina-nos que no centro está a fé em Jesus Cristo que nos faz ser cristãos em Igreja, sem esta fé estar consolidada não há consciência vocacional e generosidade na entrega da vida.

O lema desta Semana dos Seminários desafia-nos, como padres, a viver a fé numa atitude próxima e o nosso ministério como um serviço à fé dos irmãos; enraizada esta dupla dimensão viveremos como testemunhas da alegria do nosso ministério.

Só o testemunho do amor de Deus e do serviço que realizamos em favor dos outros tem a força capaz de interpelar os jovens e de mostrar a coerência e a verdade da vocação assumida em Jesus Cristo.

A vocação a este ministério concreto em Igreja não é uma realidade especial nem para pessoas especiais, é um serviço específico e essencial que nasce da fé e do seguimento livre de Jesus Cristo, que se configura na opção de tornar a Sua missão pastoral presente na Igreja.

Como educador de jovens, sinto que o caminho de uma promoção vocacional passa cada vez mais por estas duas realidades fundamentais e essenciais:

a educação da fé que leva ao encontro com Jesus e à pergunta “que queres que eu faça?”;

e o testemunho credível e generoso de quem já vive uma vocação manifestando assim como esta pode ser vivida plenamente por amor a Deus e ao serviço da vida e da fé dos irmãos.

João Alves, Reitor do Seminário Diocesano de Aveiro